quinta-feira, 14 de maio de 2009

Retinopatia Diabética

A Retinopatia Diabética, como o próprio nome indica, deriva da diabetes. A diabetes, muito resumidamente, é um caso de excesso de glicose (açúcar) no sangue.
O aumento dos níveis de açúcar no sangue (glicemia) - que caracteriza a diabetes - causa alterações na espessura dos pequenos vasos sanguíneos da retina no interior do olho, na elasticidade, permeabilidade, etc., estes deixam sair líquido e sangue para a retina. Por sua vez, os capilares retinianos ficam mais espessos, mais frágeis, modificam a sua forma levando ao aparecimento de aneurismas e podem chegar a romper originando aneurismas e zonas de isquémia.
Para compensar a falta de nutrientes e oxigénio aparecem vasos novos, mas com uma estrutura e posição diferente da considerada normal. Estes vasos geram hemorragias na cavidade vítrea e podem mesmo levar a deslocamentos de retina. Nas fases iniciais, geralmente, não há alterações na visão. Esta é alterada apenas quando estas complicações atingem a mácula, zona da retina onde se formam as imagens.
Os sintomas diferem dependendo do estado evolutivo da doença. A principal característica inicial é a visão desfocada ou turva, porém, há outras, como as moscas volantes, flashes e perda súbita de visão. Trata-se de um problema grave que pode até mesmo levar à perda total da visão. Aliás, a diabetes é mesmo considerada a principal causa da cegueira, mas o seu controlo, se rígido, pode prevenir lesões oculares.

Como se classifica?
A Retinopatia Diabética divide-se em dois tipos:
Retinopatia diabética não proliferativa: os capilares retinianos, devido ao depósito de substâncias, sofrem alterações tais como: estreitamento, enfraquecimento, alterações a nível das formas que desenvolvem micro aneurismas. Este tipo de alterações leva a que os capilares se tornem mais permeáveis, conduzindo a hemorragias e saída de substâncias que compõem o sangue, fazendo com a retina fique com edema. Isto leva ao aumento da espessura da retina e à formação de depósitos de proteínas e gordura. Quando o edema atinge a mácula, a visão sofre modificações. A perda de visão pode ser moderada ou grave, mas a visão periférica é sempre conservada.
Retinopatia diabética proliferativa: Desenvolve-se quando a área afectada com isquémia ultrapassa um determinado limite levando à formação de novos vasos para tentar fornecer sangue à área afectada. Estes não são vasos normais, pois são mais permeáveis, e não crescem onde, por norma, os vasos crescem. Aparecem sobre a retina e são suportados pelo humor vítreo. Além de não compensarem a isquémia, originam hemorragias na cavidade vítrea que causam as moscas volantes ou, em casos graves, a perda de visão, tracção retiniana e deslocamento de retina. Tudo isto pode levar a perdas de visão graves tanto centrais como periféricas.

Como funciona?
Para entender melhor esta relação entre a diabetes e os olhos, torna-se importante entender como cada um funciona. A parte branca dos olhos que vemos, é formada por um tecido conjuntivo chamado esclerótica, enquanto o centro colorido é feito de fibras musculares que formam a chamada íris. A íris contrai e dilata para aumentar o tamanho da pupila, o buraco que permite a entrada da luz no olho. A córnea, uma concha fina e transparente, protege o olho e foca a luz, que é direccionada para uma lente que fica atrás da pupila. As lentes mudam de forma, de modo a ajustar o foco, reflectindo a luz para a parte posterior do olho, onde um grupo de células situadas na retina “absorvem” a luz, convertendo-a em mensagens eléctricas que, ao serem enviadas para o cérebro, são interpretadas por este, e assim nós podemos ver.
Os problemas podem aparecer quando a retina se lesiona pelos elevados níveis de açúcar no sangue, que impossibilita a retina de enviar as mensagens para o cérebro, impedindo-nos de ver.

É doloroso?
A Retinopatia Diabética nunca é dolorosa. Aliás, pode acontecer que não seja apresentado nenhum sintoma. Dai ser importante a vigilância da visão por parte dos diabéticos através de exames médicos oculares regulares.

Quanto ao paciente…
Os pacientes que sofrem de Retinopatia Diabética, têm também tendência para apresentar também sintomas de hiporeflexia e até perda de sensibilidade táctil, tendo então dificuldade na aprendizagem do Braille. Têm dificuldade em ver os números nas seringas de insulina, e já para isso existem seringas especiais. As pessoas com esta doença devem ser examinados com mais frequência que a habitual. São pacientes susceptíveis a mudanças de humor e stress, com dificuldade na aprendizagem para treino e mobilidade, registando-se assim uma revolta com a doença, por isso, devem sempre ter apoio psico-terapêutico, de preferência com um grupo de pessoas com igual desenvolvimento visual.

Como diagnosticar?
A maneira mais certa de conseguir um diagnóstico, é através de exames. Há vários, nomeadamente, oftalmoscopia ou da retinografia não medriática. Há ainda outro, a Angiografia fluoreceínica, que consiste na detecção fotográfica utilizando filtros adequados e sequencias fotográficas rápidas da passagem da fluoresceína na circulação retiniana. Este tipo de exame mostra os locais em que a fluoreseceína sai para fora da rede vascular identificando-se aí os vasos alterados. Esta é a única técnica que identifica os micro aneurismas imediatamente e as zonas de oclusão capilar.

Como tratar?
O melhor é mesmo prevenir o desenvolvimento da retinopatia, controlando os factores que provocam a diabetes, nomeadamente, os níveis de glicose, lípidos, a tensão arterial, hipertensão, obesidade, sedentarismo, tabagismo e excesso de álcool. É importante fazer exames visuais anuais 5 anos após o diagnóstico de diabetes.
Se a doença for detectada com tempo, se o tratamento for iniciado no momento certo e com visitas regulares ao médico, não dando, assim, hipóteses de avanço dos sintomas mais graves, há a forte possibilidade do doente voltar a conseguir uma boa qualidade visual, podendo retomar às principais actividades do dia-a-dia. Aparecendo os sinais, a cirurgia torna-se na única solução.

Quais as cirurgias disponiveis?
Foto coagulação: É o tratamento mais actual. Cirurgia a laser de argónio, eficaz para evitar que uma retinopatia diabética não proliferativa passe a proliferativa. Promove uma redução da sensibilidade do contraste, cores, movimentos e visão nocturma. A não realização desta operação leva a que o quadro evolua mais rapidamente para a cegueira. É importante para destruir os neovasos e fechar os que registam perdas. Para o edema macular o laser trata a retina lesada próximo da mácula para assim diminuir a passagem do fluido. As pessoas com visão desfocada devido ao edema, por norma, não recuperam a visão para níveis normais. O laser trata todas as partes da retina menos a mácula.
Pantofotocoagulaçao: Cirurgia a laser que destrói os tecidos privados de oxigénio na retina periférica. Este procedimento cria pontos cegos na visão periférica mas previne o crescimento de neovasos.Vitrectomia: Muito eficaz nas complicações da retinopatia proliferativa que não é estabilizada pela fotocoagulação. As pessoas que sofrem de hemorragia do vítreo podem vir a sofrer de deslocamentos de retina, que podem ser evitados por este tipo de cirurgia. Aqui, é removido o sangue e o vítreo do olho é substituído por uma solução salina transparente. Simultaneamente, corta os pontos de ancoragem do vítreo à retina que cria a tracção.

Sem comentários:

Enviar um comentário