quinta-feira, 14 de maio de 2009

Diferentes sim, Indiferentes nunca...

Somos alunos do 12ºano do Externato de Vila Meã, no curso de Ciências Sociais e Humanas. Através da área curricular não disciplinar de Área de Projecto, estamos encarregues de um trabalho sobre a deficiência visual.
O principal objectivo do nosso projecto é dar a conhecer às pessoas mais informação acerca das variadas vertentes da deficiência, de como é a vida de quem é condicionado por elas, do que podemos fazer para as integrar na nossa sociedade e, principalmente, da maneira como nos adaptamos a eles.
Para isso, pesquisamos em sites da Internet, livros enciclopédicos, etc., para formar conteúdo para este blog. Esperamos que apreciem o nosso trabalho e acompanhem as nossas actualizações.
Como meio de introdução ao tema, iremos abordar os casos mais simples de insuficiência visual. Tendo em conta que simplificaremos alguns termos técnicos que poderão, eventualmente, confundir o leitor, este blog encontra-se acessível a todas as pessoas, tornando-se um meio fácil e eficaz para o conhecimento e o esclarecimento de possíveis dúvidas, ou até desconhecimento, em relação a alguma doença ligada à deficiência visual.

Deficiência visual

“Deficiência visual” trata-se da diminuição da resposta visual de forma irreversível, ou seja, sem cura, que resulta de causas congénitas ou hereditárias, mesmo com o uso de óculos convencionais ou após tratamento clínico. A deficiência classifica-se consoante a sua intensidade, podendo ser leve, moderada, severa, profunda e ausência total da visão. Segundo a OMS – Organização Mundial de Saúde – um indivíduo com baixa visão ou visão subnormal é aquele que, mesmo com tratamentos, apresenta diminuição das suas respostas visuais; porém, dizem que este mesmo é capaz de usar a visão para planeamento ou execução de uma tarefa.
Ainda segunda a OMS, cerca de 1% da população mundial apresenta algum nível de deficiência visual. Podemos encontrar mais de 90% nos países em desenvolvimento; enquanto que nos países desenvolvidos verificam-se 5% de crianças com deficiência visual e 75% de idosos.
A visão tem um importante significado social, sendo fundamental para a relação entre as pessoas e para a actividade profissional. Sabe-se, hoje, que, mais importante do que a acuidade visual em si mesma, é o modo como cada pessoa utiliza a visão que possui (a visão funcional). A visão deve ser prevenida desde o nascimento e há meios susceptíveis de a melhorar.
Nos últimos anos, com o aumento da qualidade da informação, dos avanços tecnológicos e da ciência médica em matéria de diagnóstico e tratamento, tornou-se possível prevenir e tratar doenças oftalmológicas que há pouco tempo atrás eram consideradas incuráveis.
Doenças oftalmológicas são as doenças dos olhos e do sistema visual. Provocam a diminuição da acuidade visual e podem, eventualmente, levar à perda de visão.

Causas
Nos países em vias de desenvolvimento diz-se que os casos de deficiência visual existentes derivam de infecções, traumas ou podem também ser causados por outras doenças. Já nos países desenvolvidos, verificam-se geralmente as causas genéticas e degenerativas. As causas podem ser congénitas (adquiridas antes mesmo do nascimento ou nos primeiros meses de vida) ou adquiridas (não é decorrente de defeitos genéticos herdados dos pais, como o próprio nome indica, é obtida no exterior, seja qual for a causa).

Factores de risco
Os seguintes tópicos são considerados os principais factores de risco para a contracção de doenças oftalmológicas:
- Histórico familiar de deficiência visual – pode levar às chamadas doenças hereditárias, como o glaucoma.
- Histórico pessoal de diabetes, hipertensão arterial ou outras doenças sistemáticas que podem pôr em risco a visão, como a esclerose múltipla.
- Não realização de cuidados pré-natais e prematuridade.
- Não utilização de óculos de protecção durante a realização de certas tarefas como a utilização da solda eléctrica.
- Não imunização contra rubéola da população feminina em idade reprodutiva, podendo levar a uma maior hipótese do aparecimento de rubéola congénita (que a mãe transmite ao feto durante a gravidez) e consequente acometimento visual.
A identificação da existência de deficiência visual numa criança pode ser feita através da presença do desvio de um dos olhos, do não seguimento visual de objectos, do não reconhecimento visual de familiares, e até mesmo se a criança tiver um atraso de desenvolvimento seguido de um baixo aproveitamento escolar. Tudo isto são indícios da possibilidade da criança sofrer de algum tipo de deficiência visual.
Quanto aos adultos, a história é outra. A deficiência pode ser detectada se houver derrame (ou perda) súbito ou lento da visão. Qualquer um dos casos apresenta vermelhidão, mancha branca nos olhos, dor, olhos lacrimejantes, flashes constantes, retracção do campo de visão de tal maneira que pode levar a encontrões contra objectos e até pessoas.
Seja em crianças ou em adultos, caso esteja presente qualquer um destes sintomas, deve ser realizada uma avaliação oftalmológica para diagnosticar e, se possível, tratar o problema. Os diagnósticos e consequente tratamento variarão de caso para caso, por exemplo, os casos em que os exames oftalmológicos são avaliados em problemas de baixa visão, poderão ser indicados para o uso de auxílios ópticos especiais necessários, os chamados óculos.

A diminuição da acuidade visual é causada, fundamentalmente, por defeitos refractivos passíveis de correcção óptica, como é o caso da miopia, da hipermetropia, do astigmatismo, da presbiopia e da retinopatia diabética.

Retinopatia Diabética

A Retinopatia Diabética, como o próprio nome indica, deriva da diabetes. A diabetes, muito resumidamente, é um caso de excesso de glicose (açúcar) no sangue.
O aumento dos níveis de açúcar no sangue (glicemia) - que caracteriza a diabetes - causa alterações na espessura dos pequenos vasos sanguíneos da retina no interior do olho, na elasticidade, permeabilidade, etc., estes deixam sair líquido e sangue para a retina. Por sua vez, os capilares retinianos ficam mais espessos, mais frágeis, modificam a sua forma levando ao aparecimento de aneurismas e podem chegar a romper originando aneurismas e zonas de isquémia.
Para compensar a falta de nutrientes e oxigénio aparecem vasos novos, mas com uma estrutura e posição diferente da considerada normal. Estes vasos geram hemorragias na cavidade vítrea e podem mesmo levar a deslocamentos de retina. Nas fases iniciais, geralmente, não há alterações na visão. Esta é alterada apenas quando estas complicações atingem a mácula, zona da retina onde se formam as imagens.
Os sintomas diferem dependendo do estado evolutivo da doença. A principal característica inicial é a visão desfocada ou turva, porém, há outras, como as moscas volantes, flashes e perda súbita de visão. Trata-se de um problema grave que pode até mesmo levar à perda total da visão. Aliás, a diabetes é mesmo considerada a principal causa da cegueira, mas o seu controlo, se rígido, pode prevenir lesões oculares.

Como se classifica?
A Retinopatia Diabética divide-se em dois tipos:
Retinopatia diabética não proliferativa: os capilares retinianos, devido ao depósito de substâncias, sofrem alterações tais como: estreitamento, enfraquecimento, alterações a nível das formas que desenvolvem micro aneurismas. Este tipo de alterações leva a que os capilares se tornem mais permeáveis, conduzindo a hemorragias e saída de substâncias que compõem o sangue, fazendo com a retina fique com edema. Isto leva ao aumento da espessura da retina e à formação de depósitos de proteínas e gordura. Quando o edema atinge a mácula, a visão sofre modificações. A perda de visão pode ser moderada ou grave, mas a visão periférica é sempre conservada.
Retinopatia diabética proliferativa: Desenvolve-se quando a área afectada com isquémia ultrapassa um determinado limite levando à formação de novos vasos para tentar fornecer sangue à área afectada. Estes não são vasos normais, pois são mais permeáveis, e não crescem onde, por norma, os vasos crescem. Aparecem sobre a retina e são suportados pelo humor vítreo. Além de não compensarem a isquémia, originam hemorragias na cavidade vítrea que causam as moscas volantes ou, em casos graves, a perda de visão, tracção retiniana e deslocamento de retina. Tudo isto pode levar a perdas de visão graves tanto centrais como periféricas.

Como funciona?
Para entender melhor esta relação entre a diabetes e os olhos, torna-se importante entender como cada um funciona. A parte branca dos olhos que vemos, é formada por um tecido conjuntivo chamado esclerótica, enquanto o centro colorido é feito de fibras musculares que formam a chamada íris. A íris contrai e dilata para aumentar o tamanho da pupila, o buraco que permite a entrada da luz no olho. A córnea, uma concha fina e transparente, protege o olho e foca a luz, que é direccionada para uma lente que fica atrás da pupila. As lentes mudam de forma, de modo a ajustar o foco, reflectindo a luz para a parte posterior do olho, onde um grupo de células situadas na retina “absorvem” a luz, convertendo-a em mensagens eléctricas que, ao serem enviadas para o cérebro, são interpretadas por este, e assim nós podemos ver.
Os problemas podem aparecer quando a retina se lesiona pelos elevados níveis de açúcar no sangue, que impossibilita a retina de enviar as mensagens para o cérebro, impedindo-nos de ver.

É doloroso?
A Retinopatia Diabética nunca é dolorosa. Aliás, pode acontecer que não seja apresentado nenhum sintoma. Dai ser importante a vigilância da visão por parte dos diabéticos através de exames médicos oculares regulares.

Quanto ao paciente…
Os pacientes que sofrem de Retinopatia Diabética, têm também tendência para apresentar também sintomas de hiporeflexia e até perda de sensibilidade táctil, tendo então dificuldade na aprendizagem do Braille. Têm dificuldade em ver os números nas seringas de insulina, e já para isso existem seringas especiais. As pessoas com esta doença devem ser examinados com mais frequência que a habitual. São pacientes susceptíveis a mudanças de humor e stress, com dificuldade na aprendizagem para treino e mobilidade, registando-se assim uma revolta com a doença, por isso, devem sempre ter apoio psico-terapêutico, de preferência com um grupo de pessoas com igual desenvolvimento visual.

Como diagnosticar?
A maneira mais certa de conseguir um diagnóstico, é através de exames. Há vários, nomeadamente, oftalmoscopia ou da retinografia não medriática. Há ainda outro, a Angiografia fluoreceínica, que consiste na detecção fotográfica utilizando filtros adequados e sequencias fotográficas rápidas da passagem da fluoresceína na circulação retiniana. Este tipo de exame mostra os locais em que a fluoreseceína sai para fora da rede vascular identificando-se aí os vasos alterados. Esta é a única técnica que identifica os micro aneurismas imediatamente e as zonas de oclusão capilar.

Como tratar?
O melhor é mesmo prevenir o desenvolvimento da retinopatia, controlando os factores que provocam a diabetes, nomeadamente, os níveis de glicose, lípidos, a tensão arterial, hipertensão, obesidade, sedentarismo, tabagismo e excesso de álcool. É importante fazer exames visuais anuais 5 anos após o diagnóstico de diabetes.
Se a doença for detectada com tempo, se o tratamento for iniciado no momento certo e com visitas regulares ao médico, não dando, assim, hipóteses de avanço dos sintomas mais graves, há a forte possibilidade do doente voltar a conseguir uma boa qualidade visual, podendo retomar às principais actividades do dia-a-dia. Aparecendo os sinais, a cirurgia torna-se na única solução.

Quais as cirurgias disponiveis?
Foto coagulação: É o tratamento mais actual. Cirurgia a laser de argónio, eficaz para evitar que uma retinopatia diabética não proliferativa passe a proliferativa. Promove uma redução da sensibilidade do contraste, cores, movimentos e visão nocturma. A não realização desta operação leva a que o quadro evolua mais rapidamente para a cegueira. É importante para destruir os neovasos e fechar os que registam perdas. Para o edema macular o laser trata a retina lesada próximo da mácula para assim diminuir a passagem do fluido. As pessoas com visão desfocada devido ao edema, por norma, não recuperam a visão para níveis normais. O laser trata todas as partes da retina menos a mácula.
Pantofotocoagulaçao: Cirurgia a laser que destrói os tecidos privados de oxigénio na retina periférica. Este procedimento cria pontos cegos na visão periférica mas previne o crescimento de neovasos.Vitrectomia: Muito eficaz nas complicações da retinopatia proliferativa que não é estabilizada pela fotocoagulação. As pessoas que sofrem de hemorragia do vítreo podem vir a sofrer de deslocamentos de retina, que podem ser evitados por este tipo de cirurgia. Aqui, é removido o sangue e o vítreo do olho é substituído por uma solução salina transparente. Simultaneamente, corta os pontos de ancoragem do vítreo à retina que cria a tracção.

Estrabismo

O estrabismo, popularmente denominado de “olho torto”, consiste no desalinhamento de um dos olhos em relação ao outro, ou seja, a perda de paralelismo entre os olhos, estando apontados em direcções diferentes, impedindo a existência de uma visão binocular normal.
Há três formas de estrabismo, nomeadamente: o convergente que, sendo o mais comum, trata-se do desvio de um dos olhos para dentro; o divergente apresenta um desvio para fora; já o vertical apresenta um olho mais alto ou mais baixo em relação ao outro.
Podem apresentar-se de três maneiras:
Constante: Trata-se do desvio permanente do um dos olhos. Podem então ser monoculares quando apenas um dos olhos se desvia, alternadamente, ou seja, ora se desvia um, ora o outro.
Intermitente: Não é certo, ou seja, tanto pode verificar-se um desvio, como não. Este tipo é mais frequente no estrabismo divergente.
Latente: Só é possível verificar através de testes oculares.


Diferença
Numa situação considerada normal, em que os dois olhos estão alinhados e a funcionar coordenadamente, ambos apontam para o mesmo local. A imagem de cada um é levada ao cérebro como deve ser, este processa-a, tornando-a numa imagem única.
No estrabismo, sendo que os olhos deixam de estar paralelos, apontando para locais diferentes, são levadas ao cérebro duas imagens diferentes; sendo assim, o cérebro não é capaz de as converter numa só, gerando a visão dupla.
No adulto é representada a visão dupla ou diplopia.
Enquanto que nas crianças, o cérebro tem a capacidade de ignorar uma das imagens, conduzindo, com o passar do tempo, à perda de visão desse olho (o chamado “olho preguiçoso”).

Sintomas e fisiopatologias
Os sintomas e as consequências do estrabismo não são sempre os mesmos, variam de acordo com a idade e a forma como se manifestam.
Independentemente da idade, as pessoas que apresentem estrabismos latentes terão queixas de dores de cabeça devido ao esforço que fazem para manter os olhos alinhados porque em caso de desvio, há visão dupla.
Uma das principais consequências do estrabismo é o chamado torcicolo ocular, que acontece quando a criança, ao tentar usar melhor os dois olhos, gira ou inclina a cabeça para uma certa posição.
Os estrabismos podem ser irregularmente hereditários, isto é, transmite-se, pode é não ser para a geração seguinte. Outros estrabismos vêm por acréscimo a algumas doenças como a diabetes, hipertireoidismo ou afecções neurológicas.

Como pode aparecer?
Não se sabe ao certo como funciona o aparecimento do desvio ocular. Estima-se apenas que cerca de 4 a 5% das crianças sofrem de alguma forma de estrabismo.
Sabe-se que estes casos podem estar relacionados com uma maior probabilidade de desenvolver o estrabismo, como a prematuridade, história familiar de estrabismo, paralisia cerebral, “graduação elevada” ou já baixa visão num olho (ambliopia).
Por outro lado, o estrabismo pode significar que há alguma doença que é importante diagnosticar.

O estrabismo nas crianças…
Dizem os especialistas que o estrabismo é uma patologia que afecta mais ou menos 3% das crianças. Dizem ainda que o desenvolvimento e a vida da criança estrábica é absolutamente normal mesmo não tendo visão binocular. O único contra é que há certos trabalhos que necessitam de uma visão de conjunto e de relevo que não é possível realizar em visão monocular.
Os primeiros seis anos de vida são cruciais no desenvolvimento da visão, sendo os dois primeiros os de maior flexibilidade sensorial. Os estrabismos que apareçam antes desta idade têm um mecanismo de adaptação que leva à eliminação da imagem que cai no olho desviado; assim, a criança que ficou estrábica dentro desse período não apresenta visão dupla.

Como podemos suspeitar da existência de estrabismo numa criança?
Se o desvio se mostra constante e muito visível, é fácil reconhecê-lo. Se, por outro lado, se manifesta apenas em algumas situações e de forma intermitente, pode não ser notado.
No entanto, há sinais que nos podem indicar a presença do estrabismo, nomeadamente, se a criança fechar um dos olhos ao sol, se roda ou inclina a cabeça para ver melhor, se entorta um olho quando fixa um objecto próximo ou quando esta distraída.

Tratamento
Os estrabismos podem ser corrigidos através do uso de óculos ou cirurgia. Apenas se recorre à operação caso o uso de óculos não seja suficiente para a correcção total, ou mesmo parcial (neste caso opera-se apenas a parte que os óculos não conseguiram corrigir).
Acomodativos, é o que chamamos aos estrabismos que conseguem ser corrigidos através do uso de óculos (estes estão relacionados com a necessidade de correcção do grau de hipermetropia). Apenas os desvios latentes e os intermitentes podem ser auxiliados por exercícios ortópticos.
Há ainda uma forma natural de tratamento, esta sem restrições, que se faz através de exercícios visuais ou uso temporário de óculos terapêuticos, permitindo, na maioria dos casos, ver sem lentes graduadas. Alem disso, ainda fortalecem a musculatura do sistema ocular e ajuda a reprogramar as funções visuais no cérebro.

Conselhos…
Devido à possibilidade de perda de visão ou aparecimento de outras doenças, os doentes com estrabismo devem fazer exames assim que notem o desvio ocular.

Glaucoma

O Glaucoma é uma das principais causas de cegueira em Portugal; uma doença crónica que afecta o nervo óptico. Consiste, geralmente, no aumento da pressão intra-ocular (PIO), mesmo não tendo esta uma relação directa com a doença, pois pode acontecer que uma pessoa desenvolva danos no nervo tendo pressões relativamente baixas, e outra com os níveis da PIO altos sem apresentar lesões durante anos. Esta enfermidade causa sofrimento e perda das fibras nervosas que transportam a informação visual até ao cérebro, levando a que a visão seja, em ultimo caso, perdida.
É evitável, se detectada a tempo; se não for tratado, o glaucoma pode conduzir ao dano permanente do disco óptico da retina, que leva a uma atrofia progressiva do campo visual que pode ir até à própria cegueira.
Apesar de a doença ter como principal característica o aumento da pressão intra-ocular, que é detectada apenas através de exames oftalmológicos, a perda de visão é a maneira mais alertante para a situação (sendo que existem casos de glaucoma em que os níveis de PIO estão “normais”), no entanto, quando o paciente começa a perder a visão pode já ser tarde demais.
Não existe ainda cura para esta patologia, no entanto, há formas de prevenir, como veremos mais à frente.

A pressão intra-ocular (PIO)
A pressão intra-ocular varia do balanço entre a produção e o escoamento de humor aquoso. O humor aquoso trata-se do líquido que preenche a porção frontal do olho e desempenha uma série de funções vitais para o bom desempenho da visão. Este líquido é produzido numa estrutura chamada corpo ciliar, que fica logo atrás da íris; estrutura ricamente vascularizada e que tem a função de fazer este liquido através do sangue. Daí passa pela pupila para a câmara anterior (frontal) e depois sai do olho através do canal de Schlemm para as veias.
Todo este processo de produção e escoamento obedece a determinados estímulos nervosos. Os chamados betabloqueadores, que agem de maneira a inibir algum receptor relacionado com a produção do humor aquoso. Inibindo a produção, podemos baixar a tensão intra-ocular.
Deve ser medida regularmente, pois como não apresenta um sintoma visível, pode estar elevada mesmo sem darmos por isso. Isto faz-se através de um procedimento simples e indolor chamado tonometria. As medições que ultrapassem os 21 mm são consideradas elevadas.
Existem medicamentos e intervenções capazes de regular esta produção. (IMG

Tipos de Glaucoma
Esta patologia divide-se em quatro tipos: glaucoma de ângulo aberto, glaucoma de ângulo fechado, glaucoma congénito e glaucoma secundário.

Glaucoma Primário de Ângulo Aberto
Este é o mais comum (90%), frequentemente sem dor. A existência de um impedimento do escoamento do humor aquoso do olho pode ser uma das principais causas desta doença. Este líquido é produzido num tecido no interior do olho chamado corpo ciliar, fluindo até à câmara interior através da pupila. A malha trabecular drena líquido para o canal de Schlemm, e daí até ao sistema venoso. A existência de alguma pressão intra-ocular é normal, sendo que esta é causada pela presença de uma certa resistência ao fluxo do humor aquoso através da malha trabecular e do canal de Schlemm. O resultado da pressão intra-ocular demasiado alta (valor superior a 21,5mm Hg) nas paredes do olho é a compressão das estruturas oculares. Aliás, em um terço dos casos de glaucoma primário de ângulo aberto, o PIO registado encontra-se normal, a isto chamamos Glaucoma de Pressão Normal. Por norma, é um tipo de glaucoma diagnosticado tardiamente, pois exigem o conhecimento das medidas do PIO, e estas nem sempre vêm juntamente com os exames ao nervo óptico. (IMG)

Glaucoma de Ângulo Fechado
O glaucoma de ângulo fechado é, principalmente, caracterizado pelo aumento súbito da pressão intra-ocular. Ocorre quando a pupila dilata e bloqueia o fluxo do fluido através dela, levando a íris a bloquear a malha intra-ocular. Pode causar dor e reduzir a perspicácia visual (a chamada visão turva), e pode ainda conduzir à perda visual irreversível dentro de um curto período de tempo.
Sendo considerado um caso de emergência oftalmológica, requer tratamento imediato. Além da perda de visão característica da doença, muitas pessoas vêem um halo (um anel de luz que rodeia um objecto). (IMG)

Glaucoma Congénito
Glaucoma Congénito é uma doença rara transmitida geneticamente, atingindo assim os bebés. Doença em que os recém-nascidos nascem com maiores globos oculares e córneas baças. Nestes casos, crê-se que a pressão elevada é causada pela redução da permeabilidade intra-ocular. O único tratamento disponível é mesmo a cirurgia. (IMG)

Glaucoma Secundário
O Glaucoma Secundário dá-se como uma compilação de várias condições médicas como cirurgia ocular, catarata avançada, diabetes ou uso de corticóides (ou cortisona, que é geralmente, usado no tratamento de doenças alérgicas). (IMG)

Sintomas
O Glaucoma pode ter vários sintomas, mas um que é certo é a perda de visão, que no início pode ser subtil podendo até nem ser notada, e atinge primeiro a visão periférica. A presença da doença é notada, geralmente, quando o paciente começa a sentir a visão pesada. Caso esta não seja tratada, o campo visual torna-se cada vez mais estreito, a visão central escurece e acaba por levar à cegueira do olho afectado.
O olho pode ficar vermelho, a córnea opaca, e o paciente pode começar a ver halos luminosos e a ter visão borrada. Dependendo do aumento da pressão, a dor pode ser tão intensa que leva a náuseas e vómitos.
Muitos dos ataques provocados por esta doença ocorrem em ambientes escuros como teatros e cinemas; ambientes estes que causam a dilatação da pupila, ou seja, o seu aumento, havendo maior contacto entre a lente e a íris, deixando o ângulo estreito, desencadeando um ataque. Podem também ocorrer durante períodos de stress, ou com o uso de drogas como anti-depressivos, medicações para a gripe, anti-histamínicos, e algumas medicações para o tratamento de náuseas.
Estes ataques podem terminar quando o paciente é exposto à luz ou quando vai dormir.
Esperar pela chegada da perda visual não é a melhor maneira de lidar com a situação, pois a perda visual causada pelo glaucoma é irreversível. No entanto, hoje em dia há métodos para a prevenir ou retardar.
As pessoas sob o risco de desenvolver glaucoma devem consultar um oftalmologista frequentemente.
Quem são estas pessoas? Pessoas com casos de glaucoma na família têm cerca de 6% de probabilidade de desenvolver a doença; diabéticos e negros são mais propensos a desenvolver glaucoma de ângulo fechado; independentemente de tudo isto, todas as pessoas deviam fazer exames frequentes a partir dos 35 anos, aumentando a frequência com a idade.

O que fazer?
As perdas de visão podem ser demoradas, por vezes, mas severas; estas podem ser notadas pelo paciente através de exames à sua própria visão periférica.
Como fazer? É simples, isto pode ser feito fechando um olho e examinando todos os quatro cantos do campo visual, analisando a claridade e acuidade, e depois repetindo o mesmo processo mas com o outro olho fechado.
Caso sejam notadas anomalias, deve ser consultado um oftalmologista com urgência, onde será feito:
- um exame do nervo óptico para procurar possíveis lesões (oftalmoscopia); (IMG)
- inspeccionar o ângulo de drenagem do olho (gonioscopia); (IMG)
- e ainda uma verificação dos níveis de pressão intra-ocular através da tonometria. (IMG)
Em caso de suspeita de uma possível lesão no nervo óptico, deve ser realizada uma campimetria, uma oftalmoscopia a laser, ou ainda uma tomografia à cabeça só para verificar a possível presença de pressão alta no crânio. (IMG)


Tratamentos
No tratamento do glaucoma, é necessário não esquecer que: as lesões já existentes são irreversíveis; o tratamento que existe actualmente é muito eficaz, porém, apenas serve para prevenir ou deter possíveis avanços das lesões; o tratamento é crónico, ou seja, para toda a vida, e que só mesmo o oftalmologista pode interromper ou mudar o tratamento.

Apesar da pressão intra-ocular elevada não ser a única causa do glaucoma, até ao momento, diminuí-la é o melhor tratamento.
Esta pode ser diminuída através do uso de medicamentos (colírios, geralmente). Há diversas classes de medicamentos para tratar glaucoma, com uma grande gama de medicamentos em cada uma delas:
- Agentes Beta-Bloqueadores (timolol e betaxolol), que diminuem a produção de humor aquoso, e cujos efeitos secundários podem ser alergias, espasmo brônquico, asma ou bradicardia.
- Medicamentos simpatomiméticos (epinefrina), que aumenta o fluxo do humor aquoso; pode provocar taquicardia e ansiedade, entre outros.
- Agentes mióticos para-simpatomiméticos (pilocarpina), que tratam da contracção do músculo capilar, reduzindo a malha trabecular de maneira a permitir o aumento do fluxo através das vias tradicionais; pode levar ao aparecimento de miopia, náusea, tremor, bradicardia, alergia conjuntival e das pálpebras.
- Inibidores da anídrase carbónica (dorzolamida), comprimidos por via oral que diminuem a secreção do humor aquoso através da inibição carbónica do corpo ciliar; provoca fadiga, falta de apetite, perda de peso, mal-estar gastrointestinal, sensação de baixa circulação sanguínea.

Caso o uso destes medicamentos não seja suficiente, há que recorrer a outro modo de tratamento: a laser-terapia, nomeadamente, a trabeculoplastia em casos de glaucoma de ângulo aberto, e iridotomia no glaucoma de ângulo fechado.
Quanto a cirurgias, a mais utilizada é mesmo a trabeculectomia, em que é feita uma bolha (câmara) na parede escleral do olho e uma abertura abaixo dessa bolha para remover a porção da malha trabecular. A bolha é fechada novamente, com cuidado. Esta abertura torna possível a saída do fluido através dela, levando à diminuição da pressão intra-ocular.

O Paciente
Geralmente, o paciente apresenta ofuscação quando está em locais muito iluminados ou fora de casa, e de iluminação insuficiente em ambientes interiores; por isso deve ser encontrado o nível ideal de iluminação quer dentro, quer fora de casa. Quando encontrado, nota um melhoramento no contraste visual.
Todo este desconforto provoca insegurança em andar na rua.
Por norma, desenvolvem cataratas com perda de brilho, luminosidade, contraste e fadiga visual. O uso de óculos com lentes amareladas devido aos filtros âmbar, melhora a performance visual.
Os pacientes que sofrem de glaucoma devem receber treino em orientação e em mobilidade assim que diagnosticado o quadro.

Recomendações
Devido ao facto de que esta doença provoca cegueira, que é evitável, e não dá sintomas nas fases iniciais, o tratamento é mais eficaz nas fases precoces. Para conseguir prevenir e não correr riscos, aqui estão algumas recomendações…

Vá ao oftalmologista cada 1 ou 2 anos se:
- Tiver mais de 35 anos;
- Algum familiar tiver glaucoma;
- Tiver miopia;
- For de origem Africana;
- Já sofreu alguma lesão ocular grave;
- Toma medicamentos, ansiolíticos, tranquilizantes ou corticoesteroides;
- Sofre de doença cardiovascular.

Caso tenha glaucoma, não se esqueça:
- Nunca interrompa o tratamento sem a ordem do oftalmologista;
- O tratamento é crónico, ou seja, é para sempre.

Cataratas

O que é?
O olho é constituído por uma lente natural, transparente e cristalina, o cristalino. Quando essa lente se torna opaca, impossibilita a passagem da luz e, consequentemente, diminui a visão; tudo isto é denominado por catarata. Este processo é indolor e demorado, provocando uma visão turva lenta e progressivamente.
Há casos que surgem devido à exposição aos raios X ou à luz solar demasiado intensa, a alguns fármacos como a cortisona, a determinadas doenças oculares inflamatórias, ou como consequência de outra diabetes como a diabetes.
As cataratas são especialmente comuns nos idosos. Porém, embora raramente, alguns bebés podem nascer já com cataratas (trata-se de um exemplo de cataratas congénitas, das quais iremos falar a seguir.), e possa também ocorrer em idades mais jovens devido a história familiar, diabetes ou a existência de uma cirurgia ocular já realizada.

Sintomas
Sendo que não causam dor, as alterações não são sequer notadas pelo paciente. Os sintomas mais comuns são:
- Aumento da sensibilidade à luz;
· Perante as luzes intensas, a pupila contrai-se, espreitando o cone de luz que entra no olho, de tal forma que não pode passar facilmente pela catarata. Consequentemente, as luzes intensas são extremamente incómodas para quem sofre de cataratas, pois estas vêem halos à volta das luzes, cintilações e dispersão da luz. Este problema torna-se ainda mais incomodo quando a pessoa passa da escuridão para um sitio muito iluminado, u quando tenta ler com uma lâmpada de luz muito intensa.
- Visão turva, distorção das cores;
· Como toda a luz que entra no olho deve passar pelo cristalino, qualquer parte deste que bloqueie ou faça com que a luz se torne difusa pode provocar uma visão deficiente. A deterioração da visão depende da localização da catarata e da densidade que tenha; quando esta é pouco densa nota-se uma visão mais turva, e torna-se cada vez mais complicado realizar as tarefas quotidianas.
- Visão dupla;
- Dificuldade na visão nocturna;
- Mudança frequente de óculos;
- Baixa visão nocturna.

O facto de uma pessoa ter alguns destes sintomas não quer dizer que sofra de cataratas, visto que outras doenças oculares podem provocar problemas visuais idênticos. Um exame ocular completo, feito por um oftalmologista, é crucial na determinação da causa dos seus problemas visuais.
Os pacientes com cataratas que tomam também medicação para o glaucoma, medicamento este que contrai as pupilas, podem sentir maior dificuldade na visão.

Tipos de Cataratas
Senil, é a catarata mais comum. Está relacionada com o envelhecimento natural, e por isso ocorre a partir dos 60 anos de idade, em 95 % dos casos de cataratas. O seu desenvolvimento está relacionado com o metabolismo e o envelhecimento do cristalino.

Adquirida ou traumática, pode ser causada por uma lesão directa do olho ou da cabeça.

Traumática, é provocada por traumatismos oculares.

Sistémica ou secundária, surge em consequência de uma doença ocular anterior.

Congénitas, são hereditárias ou surgem devido a infecções que a mãe tenha tido durante a gravidez como a rubéola, papeira ou hepatite. Estas são muito raras, constituem apenas 1% entre todas as formas de cataratas.
Diagnostico

O médico pode detectar a catarata enquanto faz o exame oftalmológico, e com um instrumento chamado lâmpada de fenda, consegue ver a localização exacta da catarata e a extensão da sua opacidade.

Tratamento
Antigamente, a cirurgia era efectuada apenas quando o nível de visão já era quase nulo, hoje em dia, com os avanços tecnológicos, pode ser em qualquer altura. Assim, o doente decide quando deve operar. Geralmente, as pessoas que apresentam uma catarata,escolhem para operar, provavelmente, quando se sentem incomodadas, inseguras ou incapazes de fazer as suas tarefas, antes disso não faria sentido submeter-se à cirurgia pois a deterioração da visão pode durar entre vários meses a anos.
Antes de se decidir pela cirurgia, a pessoa pode tentar outros tratamentos como os óculos ou lentes de contacto para tentar melhorar a visão.
Porém, o único tratamento eficaz da catarata é a sua remoção; cerca de 98% dos doentes recupera a visão após a operação. Os insucessos, por norma, devem-se a factores extra-cirúrgicos, como lesões. A operação às cataratas consiste na sua remoção e substituição por uma lente intra-ocular, a qual garante óptimos resultados, não sendo já necessários os grossos óculos ou lentes de contacto após a operação, como era comum há poucos anos.
A operação é indolor e a recuperação muito rápida, não sendo necessário o internamento do doente. Consiste na extracção do cristalino, mediante a técnica de facoemulsificação, e a sua substituição por um cristalino artificial ou lente intra-ocular.

Facoemulsificação, em que consiste?
Mediante energia ultra-sónica, o cristalino opacificado (catarata) é pulverizado em microparticulas que são aspiradas do interior do olho.Isto realiza-se com um terminal muito fino, que se introduz na câmara anterior de través duma mínima abertura (que varia entre 2- 3 milímetros). Desta maneira a recuperação do paciente é muito mais rápida do que com as técnicas antigas. É o que chamamos de cirurgia minimamente invasiva.
Não é uma técnica dolorosa nem durante nem depois da operação. É realizada com anestesia tópica, ou seja, com gotas, logo, não necessita de injecções. Geralmente, os pacientes referem apenas uma pressão que se deve aos aparelhos com que se mobiliza o olho para realizar a cirurgia.
Há sempre riscos, porém, estes são mínimos. É uma das técnicas cirúrgicas mais seguras e precisas que existem nos dias de hoje, e proporciona ao paciente a possibilidade de retomar as suas tarefas 24horas após a intervenção.

Cuidados a ter…
No dia da operação, o utente deve: tomar o pequeno almoço habitual, a menos que esteja à espera de anestesia geral; tomar a sua medicação nas doses e horas habitais; levar análises e exames solicitados pelo seu médico operador consigo; se estiver constipado ou com tosse, deverá contactar o Hospital para que a data da sua cirurgia seja alterada.
Após a operação deve: colocar as gotas de acordo com as indicações dadas pelo médico; evitar esfregar os olhos durante a primeira semana; procurar não se deitar para o lado do olho operado durante os primeiros dias; evitar a tosse, esforços físicos e desportos violentos; evitar a exposição excessiva ao sol, usando óculos para proteger; evitar ambientes com fumo e pó; evitar conduzir nas primeiras 24horas ou até adaptar-se à sua nova visão; tentar ler, trabalhar e ver televisão com moderação; evitar usar maquilhagem durante o mês seguinte à operação.
Durante as primeiras 24 horas após a cirurgia, é normal a sensação de algum desconforto, como arranhar, picadas, ardor, dor ligeira e visão enevoada.
No entanto, se notar algo de anormal, como um aumento gradual de dor ou diminuição de visão, deve entrar em contacto com o seu médico oftalmologista.

Evoluções tecnológicas

A oftalmologia é um ramo da medicina que investiga, estuda, diagnostica e trata as doenças relacionadas com a visão, principalmente no que toca a problemas como: astigmatismo, ambliopia, catarata, degeneração macular, toxoplasmose e tumores oculares.
Instrumento Optométrico

Evolução da Oftalmologia
A oftalmologia clínica começou a ser praticada pelos gregos, especificamente com Hipocrátes e pelos seus alunos que estudavam doenças do foro ocular, mas já no tempo dos antigos egípcios, esta área era abordada, mas sem tanta precisão.
Idade Média: conhecimentos rudimentares



● Séc. XVII – A refracção ocular foi descoberta por Kepler, Descartes e Christoph Scheinere houve progressos ligados a este ramo.
- Em 1714
► é feito o primeiro cateterismo das vias lacrimais por Dominique Anel
- Em 1737
► é feita a primeira cirurgia para corrigir o estrabismo por John Taylor
- Em 1750
► surgem as primeiras descrições sobre deficiências visuais
- Em 1767
► aparecem também descrições sobre a cegueira nocturna
- Em 1794
► descrições à cerca de cegueira para as cores


● Séc. XVIII: descobriu-se que a opacidade do cristalino era a causa das cataratas e ocorreram também outros progressos cirúrgicos.


Em 1801
► surgem descrições sobre o astigmatismo
Em 1803
► é criado o primeiro curso formal de oftalmologia na Universidade de Göttingen, na Alemanha
Em 1805
► abertura da primeira clínica de olhos, com ênfase no ensino.
Em 1851
► é inventado o oftalmoscópio por Hermann Von Helmholtz
Em 1864
► a criação de prescrições e adaptações de óculos para deficiências visuais específicas só foram possíveis através de avanços ópticos atingidos por Frans Cornelis Donders

● Séc. XX: na primeira metade deste século surgiram inovações na área da cirurgia , como a descoberta de Jules Gonin, para corrigir descolamento de retina. Foi também inventada uma lâmpada que permite observações microscópicas do segmento anterior do olho, por Allvar Gullstrand e Alfred Vogt.
A Oftalmologia continuou a evoluir e novos avanços começaram a surgir após a segunda guerra mundial, onde surgiram novos métodos de exames como o eletrorretinograma , a ecografia, a tonografia electrónica, a gonioscopia, que permitiram diagnósticos mais seguros e precisos. Foram também criados bancos para transplante de córneas para os olhos e, no final do séc.XX, através de técnicas microcirúrgicas obtiveram-se resultados mais satisfatórios em cirurgias mais complexas como a queratoplastia e a goniotomia.
Informação
· O.I.M.O. é uma instituição particular, dedicada exclusivamente
· à prestação de cuidados médicos e cirúrgicos de oftalmologia,
· cuja actividade se desenvolve no âmbito da medicina privada e
· dos seguros de saúde.
· Com o objectivo de atingir e manter a excelência na qualidade
· de prestação de cuidados médicos e cirúrgicos de oftalmologia,
· tem sido investido um esforço constante de actualização técnica,
· quer por parte do seu quadro médico, quer dos equipamentos e
· meios técnicos disponíveis.
· O atendimento de doentes é totalmente personalizado, quer através
· da livre escolha do médico pelo doente,quer ainda,através da relação
· médico-doente alicerçada na confiança e respeito recíprocos.

Serviços
Astigmatismo

•Cataratas
•Cirurgia Laser
•Estrabismo
•Glaucoma
•Hipermetropia
•Miopia
•Retina
•Terapêutica Fotodinâmica
•Vitreo

Cirurgia Refractiva
A cirurgia refractiva compreende os procedimentos realizados para correcção cirúrgica dos erros refractivos (miopia, hipermetropia e astigmatismo).
Este tratamento consiste em corrigir cirurgicamente os defeitos refractivos do globo ocular, para que as imagens possam passar focadas na retina. O seu público-alvo são aquelas pessoas que não conseguem fazer uma vida normal sem o uso constante de óculos e de lentes de contacto.
Como o uso permanente de óculos pode causar aberrações ópticas, esta cirurgia visa melhorar a qualidade de vida dessas pessoas, isto é, tem como objectivo providenciar a essas pessoas, a possibilidade de fazerem a sua vida normalmente sem recorrerem a próteses de correcção óptica.
A cirurgia é efectuada na córnea, com o objectivo de modificar a sua forma e portanto, a sua potência natural.
Há cerca de vinte anos atrás a cirurgia era feita com cortes na superfície da córnea (Queratectomia Radiaria). Esta técnica era imprecisa, dependia muito da experiencia do cirurgião, e os resultados, por vezes, eram desanimadores.


Cirurgia às Cataratas
Facoemulsificação é o nome mais moderno que se dá à operação das cataratas. O termo catarata refere-se à opacificação de uma lente que temos nos olhos chamada de cristalino. A catarata está relacionada à idade mas, podem haver alguns factores para que esta doença se desenvolva com mais facilidade, tais como a Diabetes, alterações congénitas, o uso de alguns medicamentos como a cortisona, traumas e inflamações dos olhos.
Antes da remoção da catarata é realizado um exame biometria para que seja escolhida a lente mais adequada ao grau de visão do doente para que este, após a cirurgia, consiga ter a sua visão totalmente recuperada, sem que seja necessário o recurso a óculos.

Transplante de Córnea
A queratoplastia, ou o transplante da córnea, é uma cirurgia que decorre em pessoas que possuem uma baixa acuidade visual por causa da perda da transparência ou de irregularidades do tecido corneano.
A cirurgia consiste na remoção da espessura defeituosa da córnea, que é substituída pela córnea saudável de um dador, como acontece em todos os transplantes.

Queratocone
A uma doença distrófica que principalmente pessoas jovens, dá-se o nome de Queratocone, e em regra, evolui até aos 40 anos. O primeiro sintoma é uma diminuição gradual da visão, provocada pela deformação progressiva da córnea. Essa deformação leva a um astigmatismo irregular progressivo que, aquando a sua evolução, atinge um estado o qual já não é possível corrigir com óculos, só com lentes de contacto semi-rígidas.
Mesmo assim, numa fase mais avançada as pessoas deixam de conseguir suportar as lentes e nessa altura, a recuperação da visão só é possível, recorrendo a esta cirurgia.

DOSVOX

O DOSVOX é um sistema para computadores que comunica com o seu utilizador através de uma síntese de voz, viabilizando, deste modo, o uso de computadores por deficientes visuais, que adquirem assim, um alto grau de independência no estudo e no trabalho.
O sistema realiza a comunicação com o deficiente visual através de síntese de voz em Português, sendo que a síntese de textos pode ser configurada para outros idiomas.
O que diferencia o DOSVOX de outros softwares criados para a utilização de deficientes visuais é que no DOSVOX, a comunicação homem-máquina é muito mais simples, e tem em consideração especificidades e limitações dessas pessoas. Em vez de, simplesmente ler o que está escrito no monitor, o DOSVOX estabelece um diálogo amigável, através de programas específicos e interfaces adaptativas. Isso torna-o insuperável em qualidade e facilidade de uso para os utilizadores que vêm no computador um meio de comunicação e acesso que deve ser o mais confortável possível.
O DOSVOX contava em Dezembro de 2002 com cerca de 6000 utilizadores no Brasil e alguns países da América Latina. Neste momento, o número de utilizadores que acede à Internet é estimado em cerca de 1000 pessoas.


Em que consiste o DOSVOX
O programa é composto por:
 Sistema operacional que contém os elementos de interface com o utilizador;
 Sistema de síntese de fala;
 Editor, leitor e impressor/formatador de textos;
 Impressor/formatador para braille;
 Diversos programas de uso geral para o cego,
 Jogos de caráter didático e lúdico;
 Ampliador de telas para pessoas com visão reduzida;
 Programas para ajuda à educação de crianças com deficiência visual;
 Programas sonoros para acesso à Internet, como Correio Eletrônico, Acesso a Homepages, Telnet e FTP.
 Leitor simplificado de telas para Windows

O DOSVOX vem sendo aperfeiçoado a cada nova versão. Hoje ele possui mais de 80 programas, e este número é crescente.

Cães Guia, a história.

Um cão-guia é um animal, por norma de raça Retriever ou Labrador, que é educado durante dois longos anos para que, seguramente, conduza o dono nas suas deslocações. É através do arnês que o comunicam entre si enquanto caminham pela rua.

O arnês é essencial para o bom desempenho da função de um cão-guia e para a segurança tanto do cego como do próprio cão. É composto por duas partes, o colete e a pega. O colete junta-se ao corpo do cão por meio de fivelas e é feito duma fibra muito resistente; a pega é feita de aço inoxidável para não enferrujar enquanto andam à chuva, e fixa-se no colete. O dono do cão-guia não deve exercer nenhuma influência sobre o arnês, tem apenas que a segurar e interpretar os sinais que o cão lhe transmite através do seu corpo; por exemplo, o cego consegue detectar a presença de um degrau, mediante a inclinação do corpo do seu cão que o desce à sua frente.

A principal função do cão-guia é uma pessoa cega através dos espaços onde esta precisa de circular, é para isso mesmo que são arduamente treinados. Assim, o animal guia a pessoa de maneira a evitar qualquer obstáculo com que esta possa colidir, quer estejam ao nível do solo, como os carros mal estacionados, postes, pessoas, excrementos de outros animais, quer representem uma ameaça à cabeça do seu dono, como ramos de árvores, por exemplo.
Além de tudo isto, o cão-guia representa uma excelente companhia, devido ao contacto com as pessoas para o qual é treinado. Isto é um factor de aumento de auto-estima do cego e melhora muito a qualidade de vida do cego, principalmente a nível da sua autonomia.


A História
A primeira relação cão – pessoa cega estende-se no tempo, sendo que o exemplo mais antigo será uma gravura mural existente desde o século I na cidade de Heculaneum em ruinas romanas.

Porém, a primeira tentativa de treinar cães, a fim de guiarem cegos, partiu de um hospital francês para cegos (Les Quinze – Vingts, Paris) no ano de 1780. Oito anos depois, Josef Riesinger, treinou um Spitz Alemão tão bem que, muitas vezes, as pessoas criavam dúvidas em relação à sua capacidade visual.

Mais tarde (1819), Johann Klein, que fundou o Instituto para Educação de Cegos (Blinden-Erziehungs-Institut) mencionou num livro editado por ele mesmo, o conceito do cão-guia para pessoas com deficiência visual.
Para infelicidade de todos, as suas práticas não foram postas em prática.

Ao longo dos anos algumas pessoas (cegas ou não) foram dando seu testemunho sobre cães-guia e a ajuda imprescindível vinda do melhor amigo do homem.

Na era moderna dos cães guia, da inicio durante a 1ª Guerra Mundial, quando os feridos das frentes de batalha cegos eram aos milhares, devido ao gás venenoso.
O Dr. Gerhard Stalling, teve a brilhante ideia de treinar uma serie de cães, a fim de ajudar os soldados feridos. O que fez surgir esta ideia foi uma experiência do próprio médico, quando passeava com um dos seus pacientes e o seu cão e, este deixou-os por momentos sozinhos e quando voltou, Dr. Stalling verificou que o seu cão estava, de facto a cuidar do seu paciente cego.
Tendo em conta a serie destes acontecimentos, Stalling decidiu investigar formas de treinar cães, para que estes se tornassem bons guias e de confiança da pessoa cega. Em 1916, conseguiu então abrir a primeira escola, a nível mundial, de cães-guia para pessoas invisuais. Esta ideia cresceu dando ao mundo uma nova ajuda.

Anos mais tarde acaba esta parceria, no entanto, havia sucedido mais uma oportunidade de treinar cães-guia em Potsdam, onde nasceu outra grande escola que teve um grande sucesso. O seu trabalho foi tão bem sucedido que no seus 18 anos de existência, conseguiu educar à volta de 2500 cães-guia para cegos, tendo uma taxa de insucesso representada por apenas 6%.

Ainda na mesma época, a multi-milionária Dorothy Eustis, vinda da América para a Suíça e já tendo treinado vários cães para o exercito, policia e semelhantes, esta, quando ouviu a historia da escola de Potsdam decidiu investigar a fundo os métodos desta mesma voltando verdadeiramente impressionada o que a levou a escrever um artigo para um jornal americano “Saturday Evening Post”.

Tornando público este artigo, um cego americano afirma que “os 5 cêntimos que paguei pelo jornal permitiram-me comprar um artigo que valia mais de um milhão de dólares. Mudou a minha vida”. Este cidadão americano devide escrever a Eutis propondo a introdução dos cães-guia para pessoas invisuais nos E.U.A.

O sucesso deste desafio faz com que as escolas da Suíça e dos E.U.A (baptizadas de “O Olho que vê”) sejam as pioneiras na iniciativa moderna de treino de cães-guia.

Estas escolas foram exemplo também para o Reino Unido que depois de sensibilizados por esta iniciativa formaram também a sua própria escola de nome “Guide Dogs for the Blind Association”.

Esta ideia espalhou-se pelo mundo inteiro e hoje a vida de milhares de pessoas recebeu além de ajuda, tendo em conta que são cegos, receberam também uma amigo, o cão que mostra toda a veracidade quando se diz que o cão é o melhor amigo do homem.

Inclusão social

Todas as pessoas são diferentes umas das outras, o seu aspecto, personalidade, maneira de encarar as coisas, etc., mas todos devem ser vistos e tratados da mesma maneira por parte da comunidade. No entanto, desde há muitos anos há exclusões por parte da sociedade para com aquelas pessoas que consideram diferentes, sejam essas diferenças a nível racial, religioso, político ou a nível de anomalias físicas ou mentais.
Para contrariar esses ideais retrógrados de que quem é diferente deve ser tratado como uma minoria, muitos são os projectos que têm ganho força e têm surgido com o objectivo de incluir os mais desfavorecidos em mercados de trabalho, em escolas, nos meios digitais e na convivência social, de forma a ser dado a toda a gente a mesma igualdade de direitos e de oportunidade, através da inclusão social.
Como é que uma pessoa com deficiência visual consegue ler?
Para esta questão ser resolvida foi inventada no séc. XIX, em França, a chamada escrita Braille por um escritor com o mesmo nome, Louis Braille. Esta é uma das maneiras mais importantes da inclusão de um indivíduo portador de uma deficiência visual, mas apresenta vários factores limitadores, tais como:
· As obras impressas são muito caras, pesadas e difíceis de manusear;
· Necessita de pessoal especializado para o seu ensino;
· Nem todos os cegos sabem ler Braille.

Audiotecas
Outra forma de inclusão, no que toca à leitura ou à aprendizagem de algo, é a criação de audiotecas, que são locais semelhantes a uma biblioteca, mas que possuem cassetes e CD’s que contêm leituras de obras literárias ou técnicas que têm tendência a auxiliar o processo de inclusão destes indivíduos. Mais uma vez, também há factores limitadores:
· A localização destes, por serem locais que têm um público-alvo específico, por vezes torna-se uma tarefa complicada, para as pessoas fazerem tais deslocações.

Dentro das áreas audiovisuais pode incluir-se a mais importante e extensa fonte de informação que existe no Mundo, a Internet. Neste momento, estão disponíveis softwares ampliadores de tela que permitem a pessoas que possuem uma visão reduzida uma utilização mais fácil desta ferramenta. Os utilizadores cegos têm outros softwares, chamados de leitores de tela, softwares esses que lêem o conteúdo que estão no monitor do computador, permitindo que os utilizadores ouçam o que está lá escrito o que o torna num dos grandes factores de inclusão.
Na escola
Embora os alunos portadores de uma deficiência visual não serem menos inteligentes que os alunos que conseguem ver bem, sentem-se excluídos por os métodos de ensino não contribuem para despertar o seu verdadeiro potencial. Estas podem demonstrar as suas habilidades nas mais variadas áreas.
Há alguns anos atrás, as escolas não aceitavam indivíduos portadores de deficiência visual, que tinham de frequentar estabelecimentos de ensino de cariz privado. Agora, a situação é outra, onde o processo de inclusão é levado a sério e é possível a um aluno com uma deficiência visual se candidatar a qualquer estabelecimento de ensino.
Neste momento, as Universidades vão-se apercebendo de que é necessário implementar sistemas de inclusão no seu programa de ensino, quer seja a nível da modificação das suas instalações, ou a nível da adopção de sistemas informáticos, de softwares que foram falados anteriormente e na elaboração de manuais escolares escritos em Braille para facilitar o processo adaptativo do aluno que possui dificuldades. Um exemplo destes softwares é o DosVox, (do qual falaremos mais aprofundadamente a seguir) que é um sistema para computadores que comunica com o seu utilizador através de uma síntese de voz, viabilizando, deste modo, o uso de computadores por deficientes visuais, que adquirem assim, um alto grau de independência no estudo e no trabalho.

Ligação com as artes
Em vários museus, as equipas sensíveis à matéria em questão, ganham forças e reúnem esforços de modo a facilitarem o acesso de pessoas com necessidades educacionais especiais às suas actividades. Na maioria destes, nas suas exposições são utilizados os recursos visuais, dificultando a aderência de deficientes visuais às suas actividades. No entanto, estes museus têm tido iniciativas originais e inovadoras, no sentido de captarem e atraírem a atenção deste público, através da exposição de réplicas de peças de arte, textos em braille, mapas em relevo, oficinas de arte, informações gravadas em MP3, réplicas de animais e plantas e simulações de ambientes naturais.

Deficiência Visual e o Desporto
Sendo talvez a forma de inclusão mais importante de todas, o desporto para cegos é uma actividade que tem vindo a crescer ao longo dos anos, e que não é capaz de deixar ninguém indiferente ao tema, pois mesmo tendo uma importância menor em relação aos outros desportos sem serem adaptados, são capazes de mover multidões e de sensibilizar as pessoas.

São muitas as associações desportivas de apoio, não só para cegos, como também para todo o tipo de deficiências que promovem e dinamizam a prática das modalidades que foram faladas em Posts anteriores. A organização de provas e competições regionais, nacionais, assim como de internacionais (como acontece com os Campeonatos do Mundo e com os Jogos Paralímicos) são o exemplo da crescente evolução das mentalidades e da inclusão de indivíduos com dificuldades na sociedade, onde é dado a toda a gente a mesma igualdade de direitos e de oportunidades a nível competitivo.

Braille, a história.


Braille é uma forma de leitura, inventada por um homem francês de nome Louis Braille, na qual as mãos tomam o lugar dos olhos para ler.
Braille ficou cego desde tenra idade (3 anos). Alguns anos mais tarde, este entrou no Instituto de Cegos para Paris, e com 18 anos tornou-se professor desse mesmo instituto. Este tendo ouvido falar de uma história peculiar acerca de um sistema de pontos e buracos inventado com o intuito de ler mensagens durante a noite em locais que poderiam ser perigosos sob a influência da luz.
Então Braille, com algumas adaptações, publicou este sistema em 1829.
O Braille é um alfabeto normal distinguido pelo tacto, sendo que os seus caracteres são representados por pontos em relevo/salientes. Em 6 pontos salientes, são feitas 63 combinações que podem ter varias representações, tais como letras simples, acentuadas, algarismos, notas musicais, sinais de álgebra e pontuações.
O inventor deste sistema de leitura morre então, em 1852, vítima de tuberculose. O ano da sua morte representa também a oficialização deste método na Europa e na América.
Uma curiosidade acerca das pessoas cegas experientes na arte de ler Braille, é o facto de poderem ler até 200 palavras por minuto.

Escolas especiais, adaptadas para a integração dos deficientes visuais

Em Portugal, este tipo de estabelecimento educacional é tão raro, ou até inexistente , que em toda a nossa pesquisa, não conseguimos encontrar uma sequer. Porém, no Brasil e Estados Unidos, parece ser muito comum. Como tal, vamos dar alguns exemplos existentes nesses países. Pode ser que sirva um pouco de exemplo às escolas portuguesas, para que se adaptem à igualdade.
· Bolsas de estudo
No estrangeiro, cada vez mais, organizações voltadas para a cegueira oferecem bolsas de estudo para estudantes com deficiência visual.
· Serviços profissionalizantes
Existem ajudas na aquisição de computadores de auxilio a pessoas com deficiência visual. O facto de possuírem alguns conhecimentos informáticos pode ser útil para os portadores da deficiência no mercado de trabalho.
· Serviços recreativos
Há ainda a assistência e oferta de aparelhos adaptados que possibilitam os cegos a participarem em várias actividades desportivas, por exemplo. E ainda há o patrocínio de programas de acampamentos recreativos para atender às necessidades especiais de crianças e adultos cegos que queiram praticar esta actividade.

· Recursos
- Para facilitar a mobilidade, muitos deficientes visuais usam a bengala branca. Escolas para cegos oferecem treino para a sua utilização, assistência, e ainda oferece ajuda de custos para viagens e outras actividades aos participantes destes programas.
- Outra forma de facilitar a mobilidade é o cão-guia; para isso, há quem ofereça auxílio financeiro, já que estes animais são muito dispendiosos devido ao seu treino rigoroso.
- Se necessário, são disponibilizados assistentes para as actividades quotidianas.
- Outra das ajudas é a oferta de produtos que facilitam a vida diária das pessoas portadoras da deficiência, tais como: ampliadores, relógios de pulso com visor grande ou falantes, livros em Braille, etc.

· Acessibilidade
Existem movimentos que visam o melhoramento dos acessos públicos para deficientes visuais, incluindo: ruas bem niveladas e com rampas de acesso para cadeiras de rodas, sinais de transito com avisos sonoros, informação de rua em Braille, etc.

· Associações
Governos, organizações beneficentes e grupos religiosos são algumas das entidades que defendem os direitos dos deficientes visuais. Há quem faça doações, em dinheiro ou trabalho voluntário, para associações especializadas. São oferecidos também serviços de orientação, treino e equipamentos.

Desporto

Qualquer pessoa com deficiência pode praticar desporto, desde que este seja devidamente adaptado à sua capacidade física e mental. É considerada uma actividade importante para a integração e para o bem estar físico e psicológico da pessoa portadora de deficiência. Estas pessoas podem praticar desporto amador ou ate entrar em competições de desporto profissional.

Futebol

Uma das modalidades praticadas pelas pessoas com deficiência visual é o futebol. é uma adaptação do futebol de salão, mas com jogadores invisuais, quatro de linha e um guarda-redes, sendo este o único que vê.
Os jogadores usam vendas nos olhos para que seja garantida a justiça, sendo que pode haver diferentes níveis de deficiência visual. A audição é o único sentido de orientação para os jogadores dentro de campo.
Como no futebol de 11, os jogadores podem criar jogadas entre si, mas o mais comum é conduzir a bola através de um jogador até ao jogador que esteja mais perto da baliza.
Estando a bola em jogo, os jogadores são obrigados a avisar que vão disputar a bola para, assim, diminuir a possibilidade de choque entre eles. Sendo assim, gritam “vou”, “eu” ou “fui”, evitando faltas técnicas e lesões. Também como em qualquer jogo de futebol, pode haver lances duvidosos, em que o árbitro tem que intervir.
O árbitro tem o papel de avaliar a intenção de um jogador que derruba o adversário (fazendo, assim, falta), quando a bola bate na mão acontece o mesmo, avaliando se o jogador levou vantagem ou não. estas são as reclamações mais comuns sobre os árbitros.


Detalhes técnicos:
- Com o intuito de orientar os jogadores, a bola possui um guizo que produz som.
- Deve haver silêncio por parte do público, para evitar confundir os jogadores, podendo assim ouvir onde se encontra a bola através do barulho do guizo.
- O treinador tem uma área delimitada para trabalhar, fica atrás da baliza do adversário para orientar os jogadores durante o ataque. Existe ainda o técnico, a quem cabe a orientação feita no meio campo.
- Há duas áreas: a maior tem as medidas normais do futsal e a menor tem 2 metros para a frente da baliza e 1 metro para cada lado das traves, sendo estas as delimitações da área de actuação do guarda-redes. Se o guarda-redes tocar na bola fora da área, é livre directo.
- O espaço de jogo é delimitado pelas laterais do campo com 1,20m.
- O guarda-redes não tem deficiência visual orientando assim os jogadores na defesa.

Goalball

O goalball é um dos jogos colectivos mais emocionantes que existem. Esta modalidade surgiu logo após a II Guerra Mundial, com o objectivo de ocupar o ex-combatentes que tinham ficado cegos em combate.
Assim, passou a ser o primeiro desporto criado especificamente para pessoas com deficiências visual, ao contrario de muitos outros desportos, não derivando de nenhum desporto já existente.

No Goalball, competem duas equipas cada uma com três jogadores. Com as funções de: marcar golos e evitar que o adversário marque na sua baliza. Este jogo é disputado geralmente em recintos fechados com o piso de madeira polida ou sintética

Atletismo

O Atletismo é hoje o desporto mais praticado nos mais de 70 países relacionados com a Federação Internacional de Desportos para Cegos - IBSA. Além dos Jogos Paralímpicos, maratonas, Jogos Mundiais e Campeonatos Mundiais para Jovens também fazem parte do calendário. O fácil acesso e a naturalidade dos movimentos contribuem para a difusão da modalidade, sendo que correr, saltar, lançar e arremessar são acções que proporcionam a sobrevivência do Homem.
Como é competido?
O Atletismo para Deficientes Visuais é constituído basicamente por todas as provas que compõem as regras oficiais da Federação Internacional de Atletismo - I.A.A.F., com excepção das provas de salto com vara, lançamento do martelo, corridas com barreira e obstáculos.
As provas são divididas por grau de deficiência visual (B1, B2 e B3) e as regras são adaptadas para os atletas B1 e B2. Para estes, é permitido o uso de sinais sonoros e de um guia, que corre juntamente com o competidor para o orientar. Eles são unidos por uma corda presa às mãos e o atleta deve estar sempre à frente. As modalidades para os competidores B3 seguem as mesmas regras do atletismo regular.

Xadrez

O chamado “Desporto dos Reis” pode ser também praticada por invisuais. Surpreendente, não é?
A organização mundial desta modalidade fica ao cargo da International Braille Chess Association (IBCA), fundada em 1958, que segue as regras normais da Federação Internacional de Xadrez (FIDE).
Como todos os projectos que englobem desporto para deficientes, o principal objectivo do xadrez para invisuais, é a possibilidade de inclusão destes. É um desporto que requer um elevado grau de concentração, e que deslumbra pessoas de todas as idades por todo o mundo, os deficientes visuais não são excepção.

Como é disputado:
Como era de esperar, teve que sofrer algumas alterações para poder ser praticada por invisuais. Passou a ser jogado com o toque das mãos para que o jogador pudesse tomar consciência da partida e montar a sua estratégia.
Aqui, as casas pretas têm um ligeiro relevo para ajudar na orientação, assim como as peças pretas que passam a ter uma ponta de metal. As jogadas são faladas e é permitido tocar nas peças, desde que não retire do lugar.

Bowling

O Bowling para cegos ou para indivíduos cuja visibilidade é reduzida não é, no entanto, tão antigo, mas sim um jogo recente. A primeira vez que um invisual praticou esta modalidade foi na Alemanha e na antiga Jugoslávia nos anos ’60. Nos finais dos anos ’70, o desporto espalhou-se então na região onde era a Checoslóváquia até ao final dos anos ’80 onde se estendeu para muitos outros países europeus.
Na altura, os ‘bowlers’ competiam separadamente, pois eram divididos em categorias: cegos e amblíopes.
A primeira competição internacional, a ‘Slovak Crystal Cup’, teve lugar no ano de 1996, na Eslováquia, onde competiram seis países e os ‘bowlers’ concordaram em participar seguindo um único conjunto de regras internacionais e em adoptar o sistema de classificação visual da Federação Internacional de Desporto para Invisuais (International Blind Sports Federation – IBSA), cujas categorias são: B1, B2 e B3.

Regras
Neste jogo, cada jogador deve lançar 120 bolas em quatro corredores (trinta bolas por corredor) com todos os pinos levantados. Existem equipas masculinas e femininas. Nos eventos masculinos, as equipas são compostas por dois elementos de cada categoria, B1, B2 e B3, enquanto que nos eventos femininos, as equipas são compostas apenas por uma jogadora de cada categoria. Os ‘bowlers’ que pertençam às categorias B1 e B2 necessitam de um assistente na pista para lhe passar a bola que irão jogar e para lhes dar indicações orais.


Jogadores de classe B3, podem ter também um treinador ou assistente sentados atrás dele para lhe dar ajuda, mas têm de ir buscar as bolas ao local indicado sem qualquer ajuda. Todos eles, antes de jog ar, são normalmente colocados, com a ajuda do assistente no local onde os lançamentos serão feitos, e posicionados conforme preferirem executar os seus lançamentos.

Os resultados de todos os jogadores são contados e incluídos na pontuação final da equipa, onde vence aquela cujo número de pinos derrubados durante toda a partida é maior. Os resultados individuais de cada jogador também são tomados em consideração e dão direito a qualificação para as finais individuais de cada categoria, onde só participarão os 8 melhores de cada uma, no caso das provas masculinas, e 4 mulheres de cada categoria, no caso das provas femininas.
Os resultados da eliminatória qualificativa (120 lançamentos), e a final (120 lançamentos) são somados e o vencedor é o jogador que derrubar mais pinos.


Powerlifting

O Powerlifting é um desporto individual. Tem várias categorias para diferentes grupos de idades, começando desde os 14 anos.

É uma modalidade diferente do desporto Olímpico, o Halterofilismo, onde a técnica só é feita através de dois levantamentos o Arranque (que consiste em levantar a barra de pesos desde que estes estão colocados no chão, até levantá-la acima da cabeça, num único movimento) e o Arremesso, que é o levantamento mais conhecido dos halterofilistas. No Powerlifting existem 3 levantamentos diferentes: Agachamento, Bench Press e Deadlift.

· Agachamento (é realizado pela flexão dos joelhos com as pernas e ancas, baixando o tronco entre as pernas e, em seguida, inverter direcção para manter-se de pé novamente. O tronco inclina para a frente para manter o equilíbrio.)
· Bench Press (é o exercício mais comum na musculação que é feita nos ginásios, onde o atleta está deitado de barriga para cima, no banco. O atleta segura a barra ao comprimento dos braços a uma altura acima do peito, fazendo movimentos de elevação e descida da mesma)
· Deadlift (como o nome sugere, há o levantamento de um peso morto, isto é, a barra com o peso está colocada no chão e o atleta agacha-se, levantando-a até ter os braços completamente estendidos)

Tiro com Arco

O Tiro com Arco é o desporto mais recente a ter o estatuto oficial dentro da Federação Internacional de Desporto para Cegos, está a ser apresentada ao Comité Paralímpico Internacional.
Uma moção para esta modalidade ser aceite vai ser apresentada em Outubro à Assembleia Desportiva que se reunirá em Itália para um encontro, para que o Tiro com Arco para indivíduos portadores de deficiência visual seja incluído em Campeonatos do Mundo, assim como campeonatos regionais, etc. Este encontro tem lugar nos Campeonatos do Mundo de Tiro com arco, onde arqueiros invisuais da Grã-Bretanha, França, Bélgica, Itália e talvez outros países, foram convidados para competir em eventos exibicionais, para mostrar às nações do CPI que o Tiro com Arcos para Deficientes Invisuais deve ser aceite como uma categoria adicional.
IPC (International Paralympic Comittee) Archery esperou até esta modalidade obter o estatuto pela IBSA, antes de considerar a sua inclusão em eventos do IPC. Foi acordado que, no início existirão apenas duas categorias, a masculina e a feminina, utilizando óculos próprios.

Ciclismo Tandem


Esta modalidade é praticada por deficientes visuais e difere do ciclismo olímpico porque é realizada com duas pessoas na bicicleta, o guia e o atleta.

As três categorias invisuais (B1, B2 e B3) competem juntas em corridas na estrada, quer seja em competições com a duração de 1 dia, ou por etapas que duram vários dias (como acontece com o ciclismo normal). Os homens competem em corridas, cujas distâncias podem varirar entre 100 até 135km, em circuitos que possuem entre 5 a 10km e são percorridos por voltas, ou então percorrendo distâncias entre duas cidades. As mulheres competem em eventos semelhantes, mas em distâncias mais curtas (por volta de 50 a 70km).


Na categoria mista (composta por um homem e uma mulher juntos), as distâncias podem variar entre 60 a 85km. Existem também as típicas provas de Contra-relógio para participantes individuais ou para equipas compostas por 3 tandems para os homens onde as distâncias percorridas são as adequadas para cada categoria.

Há também as competições feitas em espaços cobertos, onde são feitos os eventos da União Internacional de Ciclismo que podem ser:
· O sprint, onde dois tantems competem em velocidade de 1km;
· A perseguição individual, que é feita em 4km para os homens e 3km para as mulheres;
· O contra-relógio, dividido em equipas mistas (1km) ou femininas (500m)

Para homens, também há um evento de perseguição, conhecida como perseguição olímpica, onde duas equipas de 3 tandems competem numa distância de 4km.

Carlos Lopes

Carlos Manuel Lopes é o atleta Paralímpico português mais medalhado de sempre.
Nasceu em Lisboa e mora neste momento em Alverca. Desde criança que não via bem, mas ficou completamente cego aos 18 anos, quando entrou para a faculdade, em 1987. A nível da sua participação nos grandes palcos internacionais, a sua primeira aparição foi nos campeonatos da Europa de Zurique 1989, onde conquistou uma medalha de prata nos 800 metros. Desde o ano de 1992 que compete nos Jogos Paralímpicos, pelo que a sua participação nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008 foram a sua quinta participação na competição mais emblemática e mediática de sempre. Em 20 anos de carreira, já competiu em nove campeonatos da Europa e seis campeonatos do mundo.

Nos campeonatos do Mundo, Carlos Lopes conquistou nove medalhas de ouro, quatro de prata e três de bronze em 200, 400, 800, 4x100 e 4x400 metros. Em campeonatos da Europa venceu 10 medalhas de ouro, oito de prata e três de bronze.

De todas as suas conquistas e vitórias destaca-se o triunfo de uma medalha de bronze e quatro de ouro em Jogos Paraolímpicos, na categoria de 200 e 400 metros em Barcelona, no ano de 1992, e de 4x100 (estafetas) e 400 metros em Sidney, no ano 2000.

Ray Charles

Ray Charles Robinson, considerado um dos maiores génios da música afro-americana, nasceu em Albany no dia 23 de Setembro de 1930, foi um pianista, cantor de música soul e um dos principais responsáveis pela introdução do ritmo gospel nas músicas de R&B.

Ray Charles, não era cego de nascença, a sua visão começou a deteriorar-se a partir dos 5 anos de idade, até aos 7 anos, onde a perdeu completamente. Charles nunca soube ao certo a causa do seu problema, apesar de que há fontes que sugerem que a sua cegueira foi fruto de um glaucoma, outras adiantam que Ray começou a perder a visão devido a uma infecção causada pela água com sabão, que não foi devidamente tratada e evoluiu.

Ele frequentou a Escola para Cegos e Surdos de St Augustine, na Flórida. Enquanto lá esteve, aprendeu a escrever música e a tocar vários instrumentos musicais, onde desenvolveu o seu dom, pelo qual ainda hoje é conhecido e relembrado. Na escola apenas aprendeu música clássica, mas queria tocar aquela música que na altura ouvia no rádio, jazz e blues. Depois da morte dos seus pais, Ray não voltou à escola, mudando-se para Jacksonville, onde durante um ano tocou com outras bandas no Ritz Theatre, ganhando 4$ por noite. Mudou-se então para Orlando e depois para Tampa, onde começou a tocar com uma banda chamada de “Flórida Playboys”, foi nessa altura que começou a ganhar a sua reputação de tocar com óculos de sol.

Quando houve a explosão musical com o Rock&Roll de Elvis Presley em 1955, Ray Charles agarrou a sua oportunidade lançando sucessos como I Got a Woman" (gravada depois por Elvis), "Talkin about You", "What I'd Say", "Litle girl of Mine", "Hit the Road Jack", entre outros, que continham uma mistura de R&B com gospel, dando origem ao aparecimento da música soul dos anos 60, o que o tornou numa grande referência do pop afro-americano.
Embora tenha sempre mantido a sua relação com a música soul, nunca manteve sempre o mesmo género musical, gravou baladas românticas, teve uma passagem pelo jazz e pelas músicas mais comuns nos EUA. Entre seus sucessos históricos desta fase estão canções como "Unchain My Heart", "Ruby", "Cry Me a River", "Georgia on My Mind" e baladas country tais como "Sweet Memories", e seu maior sucesso comercial, "I Can't Stop Loving You", de 1962.

No ano de 1965 Charles foi preso por posse de heroína, droga essa pela qual foi viciado durante quase 20 anos. Essa foi a sua terceira acusação, pela que conseguiu livrar-se da cadeia ao dar entrada numa clínica de reabilitação em LA.
Ray Charles apenas se casou duas vezes, mas teve 12 filhos de 7 mulheres diferentes, justificando então a sua reputação de mulherengo.
Durante o final dos anos ’60 e na década de ’70 os seus lançamentos foram considerados grandes êxitos e atingiram topos da tabela. A sua versão de “Georgia on My Mind” foi proclamada de canção do estado da Geórgia. Outro sucesso estrondoso foi a sua versão de “America the Beautiful”.

Viu a sua vida retratada no filme “Ray”, protagonizado por Jamie Foxx que ganhou em 2005 o prémio de melhor actor principal com a sua prestação no papel de Charles.

Ray Charles faleceu com 73 anos, no dia 10 de Junho de 2004 na sua casa em Beverly Hills, vítima de uma doença de fígado. Em toda a sua carreira Ray Charles Robinson arrecadou 17 Grammy’s, foi dos primeiros a entrar na Georgia State Music Hall of Fame, em 1981 foi-lhe dado o direito a ter uma estrela no Passeio da Fama em Hollywood, foi também das primeiras pessoas a entrar na Rock and Roll Hall of Fame, no ano da sua inauguração em 1986, recebeu o Kennedy Center Honors também em ’86, em ’87 foi premiado com o Grammy Lifetime Achievement Award. No ano de 1991 foi induzido ao Rythm&Blues Foundation, em ’98 foi premiado com o Polar Music Prize.
Já em 2004 foi induzido no Jazz Hall of Fame e também foi considerado pela Rolling Stone Magazine como número 10 na lista dos 100 melhores artistas de todos os tempos.
No dia 7 de Dezembro de 2007 foi inaugurada a Ray Charles Plaza, na sua terra natal de Albany-Geórgia, onde no centro se encontra uma estátua de bronze de Charles, a tocar piano.